top of page

"Coimbra dos amores, Coimbra dos doutores." (Pedro Rodrigues)

  • Foto do escritor: patsneves
    patsneves
  • 21 de mai. de 2018
  • 7 min de leitura

Este post foi-me pedido a título especial, e enquanto estudante de Coimbra, é com grande prazer que escrevo sobre a "minha cidade". Neste post, vou falar um bocadinho sobre as principais tradições que tanto caracterizam esta cidade, nomeadamente a Latada e a Queima das Fitas, momentos estes que são tão esperados pelos estudantes e que são, sem dúvida, um marco na vida e percurso académico de cada um, enquanto estudantes de Coimbra! Desde o o batismo ao cortejo, à serenata, ao convívio e aos laços que se criam, ao sentimento de orgulho e pertença, à celebração de marcos importantes no nosso percursos, à criação de memórias unicas, aos momentos que passam e às saudades que ficam... tudo isto é o que fica, no final, e é aquilo que levamos connosco para a vida.


Latada

També conhecida como a festas das latas, esta é a primeira celebração académica, que se realiza em Outubro e assinala a receção dos novos estudantes em Coimbra, os caloiros, onde a cidade mergulha num ambiente académico e de euforia. Esta começa com a serenata na Sé Nova, que reúne imensa gente sendo tradição os doutores irem assisitir com os caloiros, depois dor jantar de curso. Esta celebração de 7 dias inclui a Imposição de Insígnias, a serenata, o sarau académico e o cortejo. O cortejo é o ponto-alto da latada, onde os caloiros vão vestidos a rigor, com fatos criativos e pinturas feitos pelos respetivos padrinhos e madrinhas, com as cores da faculdade a que pertencem. Normalmente os padrinhos e madrinhas compram o chamado kit de caloiro, que inclui esse penico e uma chupeta para pendurar ao pescoço dos ccom as cores respetivas da faculdade/politéncnivo que representam. Além disto, vão também com latas atadas, geralmente, aos pés, cintura ou pulsos durante todo o desfile, daí o nome Festa das latas. No último ano, é costume os afilhavos vestirem os padrinhoas/madrinhas que são finalistas, invertendo-se o papel. Este evento consiste num "desfile" de todos os cursos de todas as universidades e plitécnicos, onde os caloiros mostram os seus fatos e representam o seu curso, cantando as canções de curso, entre outras coisas, pelas ruas da cidade. Os estudantes aproveitam tambémo desfile para deixar mensagens de sátira política e académica. Este desfile conta também com a atuação das tunas, em que todos param e fazem um momento de silêncio para ouvir e cantar as músicas de Coimbra, ao som da balada e da tuna, contando com a assistência de imensa gente, desde familiares, amigos, residentes, turistas, etc, que enchem completamente as ruas. O cortejo ocorre durante toda a tarde até à noite, começa nos Arcos e acaba na Portagem, onde se concretiza o momento tão esperado: o batismo dos caloiros! Estes são batizados pelas madrinhas e padrinhos no rio Mondego, com aquilo a que se chama um "penico". Ao longo do percurso, os estudantes descem os Arcos, passando pela Praça da República e a baixa, acabando no rio. Este é um dos momentos que mais nos marca enquanto estudantes, o sentimento de ser batizados no rio, à noite; o Parque Verde fica repleto de pessoas, que descem até ao rio para batizarem ou serem batizadas, havendo segunranças em vários pontos, para segurança e prevenção. Outro dos costumes é a aquisição de carrinhos de compra que os doutores levam para levar comida e bebida durante o cortejo, deixando-os depois na portagem.


A Latada surgiu, primeiramente, com um objetivo diferente, tendo sofrido várias alterações ao longo do tempo. Esta teve origem noo século XIX e começou por se realizar em maio. A tradição consistia em cada faculdade ter o seu próprio cortejo, realizado em diferentes dias, com o propóstito de celebrar o fim da época de exames e, para os finalistas, o fim do curso. Realizava-se, geralmente, nos últimos 3 dias de aulas, assinalando o fim das aulas e a consequente animação que daí advinha, onde os estudantes exprimiam ruidosamente, utilizando latas, o seu contentamento pelo término das aulas. Durante esses 3 dias, além da festa que organizavam, cumpriam o ritual de Imposição de Insígnias e da Emancipação dos Caloiros – o conhecido Baptismo.

Com a reforma de 1901, as aulas passaram a terminar ao mesmo tempo para todos os cursos, mas a tradição da latada continuou, agora centrada na emancipação dos caloiros, ainda que com intermitências. Esta, a dada altura, passa a integrar a Queima das Fitas, podendo o caloiro submeter-se à latada ou seguir no cortejo, no carro de um finalista. Após alguns anos de interrupção nas festas académicas, na década de 40 do século XX, os estudantes voltaram a organizar estas festividades e foi a partir dos anos 50/60 que a Latada passou a celebrar-se no início do ano letivo, coincidindo com a chegada dos estudantes. O progressivo aumento do número de alunos, a partir de 1979, e o restabelecimento das tradições académicas, levou à junção de todos os cursos da Universidade nas mesmas festividades. É a partir desta altura que a Festa das Latas ganha um formato semelhante ao de hoje, com a cerimónia de Imposição de Insígnias, a Serenata, o Sarau Académico e o Cortejo.

Queima das Fitas

O nome advém da tradição de queimar as fitas e esta já é anteror às prórpias festividades da Queima das fitas, representando a passagem do último ano e o término do mesmo. Este é o momento mais esperado do segundo semestre! É um evento que chama imensa gente e ao qual os estudantes não faltam. Decorre em Maio, durante uma semana, no Parque da Canção, onde os estudantes se juntam à noite, no chamado queimódromo, para assistir aos concertos, conviver, sair e celebrar o espírito académico e a todo o significado associado. O momento mais alto da queima é, sem dúvida, o cortejo, onde os caloiros já vão trajados e passam a ser doutores. No dia anterior ao início da queima, que por norma é a uma sexta, cada curso organiza um jantar de curso, chamado também de jantar da serenata, sendo o primeiro dia que os caloiros trajam. A tradição é os doutoures trajarem os seus afilhados antes do jantar e à noite, vão todos assistir à serenata, onde traçam a capa aos afilhados, fazendo um pequeno discurso, ao pé da porta férrea. Diz-se que os caloiros devem tocar na porta férrea antes de lhes serem traçada a capa como símbolo de sorte. Este é um momento carregado de emoção para todos , que fica na memória como um dos pontos altos da vida académica e como símbolo da amizade e dos laços que se criaram e da ligação a uma cidade de tradições e emoções!


No domingo chega o dia tão esperado do cortejo, onde cada curso desfila com o seu carro, sendo-lhe atribuído um númenro, que é feito durante o semestre, com as cores do curso que representam. Este é feito essencialmente de flores de papel e decorado com a forma escolhida pelos estudantes de cada curso, sendo criada uma comissão de carro, que durante o ano, organiza todos os preparativos necessários para o dia do cortejo. Durante o desfile há um concurso de carros da Universidade, sendo que só os estudantes da universidade podem participar no concurso. Durante a manhã, antes do cortejo, é a queima do grelo, para os segundo anistas, onde se queima o grelo (fitas de tecido das cores do curso que se põe na pasta).

Este é um dia repleto de animação, convívio e emoção, que reúne pessoas de todos os lados, a maior parte familiares e amigos, que vêm assistir ao desfile dos carros e estar com os estudantes. O desfile pormete muita animação, comida e, sobretudo, bebida, sendo costume despejar bebida para cima dos estudantes, que chegam ao fim com um "banho de cerveja". O cortejo começa à tarde, sendo que os carros partem todos da Universidade, acabando na portagem, onde depois seguem para Santa Clara. O cortejo acaba ao entardecer, e todos estão cansados mas felizes. À noite, juntam-se todos no queimódromo, para ver o famoso Quim Barreiros. Na última noite da queima, celebra-se o fim de uma semana em cheio e a cidade fica iluminada pelo fogo-de-artifício, que marca o fim de mais uma queima.


A Queima das Fitas já vem da década de 50 do século XIX, onde já se realizava o cortejo da Porta Férrea ao Largo da Feira e a queima simbólica das fitas, numa pequena cova no chão onde ardia um pequeno fogo, segundo Eduardo Proença-Mamede. Foi em 1899 que as comemorações adquiriram o seu lado de crítica social e cultural: o Centenário da Sebenta (assim chamado por ter por base as Sebentas dos professores), que procurava ridicularizar os Centenários anteriores. Esta expresous-se través de cortejos alegóricos e de um sarau. Já no século XX, estruturam-se os primeiros programas de festas ligadas à Queima das Fitas, sendo que em 1901, os estudantes do 4º ano jurídico organizaram um cortejo com cerca de 20 carros motorizados e a cavalo, enfeitados com flores e festões de murta. Em 1903, realizaram-se duas queimas das fitas (quartanistas de direito e de medicina) e em 1905 decorrem as comemorações do “Enterro do Grau”, em que, pela primeira vez, as celebrações da Queima são associadas à comunidade coimbrã.


Em 1903 é lançada a primeira brochura de caricaturas, sconstituída por apenas 10 caricaturas. Em 1905 surge a segunda brochura já com 136 caricaturas das cinco Faculdades. Foi em 1919 que a estrutura da queima passa a aproximar-se, em definitivo, da actual: todas as faculdades participam no Cortejo, o dia passa a ser feriado académico, não havendo praxe, representando o momento da “subida de grau” na hierarquia praxística.Em 1920 surge o primeiro programa oficial da Queima. A partir de 1919, foram surgindo os outros eventos que decorrem hoje em dia: a Garraiada, realizada na Figeuria da Foz (1929/1930); a Venda da Pasta (1932) e o Baile de Gala das Faculdades (1933). No entanto, mais uma vez, a situação política teve influência e manifestou-se na realização da Queima das Fitas, sendo que a 22 de Abril de 1969 é decretado o luto académico, período este caracterizado pela greve às aulas e pelo debate exaustivo dos problemas das faculdades e da Universidade, até que o descontentamento reflecte-se no cancelamento das festividades.


A Queima só regressa em 1980, incentivada pela significativa adesão que a “Semana Académica” do ano anterior tinha tido. A organização passa então por uma comissão constituída por um "presidente" que coordenavam todo o trabalho de organização da Queima das Fitas. Esta constitui para os finalistas ftados, o ponto de passagem para o derradeiro trajecto da vivência estudantil, para os caloiros a emancipação e para os Veteranos o fim da caminhada. Os outros sobem mais um grau hierárquico na praxe.


Curiosidades:

-Cada ano, é criada uma frase/slogan sobre Coimbra, que aparece sempre à entrada do Queimódromo, na Queima das Fitas e na Latada. Todos os anos, são frases diferentes e têm uma conotação simbólica. Este ano, foram várias as frases, nomeadamente "A Queima é em Coimbra, o resto são fitas" e "Capas negras de memórias, fitas que contam histórias."

-Todos as noites da queima, antes da hora de encerramento do recinto, que é por volta das 6h da manhã, a música pára e dá a balada de despedida de Coimbra, onde todos se juntam, cantam e sentem o momento.









 
 
 

Comments


POSTS RECENTES:
PROCURE POR TAGS:

© 2023 por NÔMADE NA ESTRADA. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page